Vídeo Aids e Religiões Afro-Brasileiras: a filmagem no Rio de Janeiro
No dia 07 de dezembro, a equipe do Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e a equipe da Olho Filmes desembarcou no Rio de Janeiro para dar continuidade ao vídeo Aids e Religiões Afro-Brasileiras, uma parceria estabelecida entre a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e o Ministério da Saúde – Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais.
O primeiro dia de filmagem foi no 08 de dezembro e toda a equipe de trabalho rumou bem cedo para São Mateus - São João de Meriti, onde a primeira roça a ser visitada, foi o Ilê Omulu e Oxum, que tem como Ialorixá Mãe Meninazinha de Oxum.
Ora iê iê iê ô ô ô
Mãe Meninazinha recebeu a equipe de filmagem com muito carinho e acolhimento, característica do povo de santo e Mãe Nilce de Iansã, a Iyá-egbé do terreiro também estava junto da Ialorixá, fazendo as honras da casa. Foi com as bênçãos de Oxum que a filmagem no Ilê de Omulu e Oxum começou.
Mãe Meninazinha falou sobre o enfrentamento do racismo, a necessidade de fortalecer a participação política das lideranças de terreiros nos espaços de controle social, a importância do acolhimento e cuidados para as pessoas vivendo com HIV-Aids, e aproveitou também para abordar que o estigma e preconceito são fatores que prejudicam a saúde.
Nesse mesmo dia logo depois do almoço a van rumou para Miguel Couto(Nova Iguaçu), e lá chegando foram recebidos por Mãe Beata de Iemanjá do Ilê Omi Ojuarô e pela Iyá Kekerê Doiá de Omulu.
Mãe Beata, como sempre recebeu a todos e todas com muito carinho e foi se arrumar pois queria estar bem bonita para a filmagem. Todos foram para o barracão e logo depois a filmagem começou.
Mãe Beata contou um pouco de sua história, falou sobre a sua experiência na década de 80 até os dias de hoje, lembrando momentos importantes da sua trajetória de ativismo no campo das DST-HIV-Aids. Entre suas experiências podemos destacar a visita as pessoas vivendo com HIV-Aids nos hospitais, a importância do acolhimento e o carinho com as pessoas e filhos de santo soropositivos.
Muitas vezes durante a filmagem, a Ialorixá foi tomada pela emoção, mas para a nossa alegria a chuva caiu fortemente e todos se regojizaram pois a resposta da natureza acalma e traz novas possibilidades. Com a chuva fazendo um barulho forte no telhado a filmagem foi interrompida, e a equipe foi convidada para um café com a Iyá que continuou contando histórias e cantando. Com a diminuição da chuva retornamos a filmagem e Mãe Beata lembrou nossos ancestrais abordando um conto, o Cachimbo de Tia Silú, que faz parte do livro de sua autoria, o Caroço de Dendê, celebrando mais um momento importante para a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde.
O dia 09 de dezembro foi reservado para filmagem no Terreiro de Pai Zezito de Oxum, e como sempre todos e todas foram bem acolhidos. O Babalorixá falou do seu orgulho de ter saído de Salvador para iniciar o axé ijexá no Rio de Janeiro. Pai Zezito é filho de Pai Severiano de Logun Edé, da Plataforma, em Salvador, importante figura do ijexá na Bahia .
Pai Zezito ao ser entrevistado abordou vários temas, como: a intolerância religiosa, o acolhimento as pessoas vivendo com HIV-Aids, a importância dos terreiros realizarem trabalho de prevenção levando informações para as pessoas, a distribuição de preservativos e a educação como forma de atuação política.
Nesse momento apresentou o projeto da escola que fundou como parte das ações sociais que o terreiro vem desenvolvendo para os adolescentes e jovens da comunidade do entorno. Pai Zezito falou da necessidade de estimular os jovens para que possam ter um futuro melhor e a necessidade de oportunidades concretas para que as mudanças aconteçam de fato. Em sua avaliação mostrou que as crianças que participam da escola do terreiro tem tido um excelente aproveitamento, e que isso lhe deixa muito feliz.
O Babalorixá lembrou que os terreiros têm forma própria de lidar com a saúde e enfatizou a necessidade de cuidado e carinho com as pessoas soropositivas. Ele comentou um caso que aconteceu em seu terreiro e falou que o filho melhorou muito por conta de ter sido aceito pela família de santo. Aproveitou para dizer que a exclusão faz mal para todas as pessoas e que o melhor remédio nesse casos é o carinho, a atenção e o cuidado.
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